Sena Madureira

Quadrilhas juninas encantam na 3ª noite do Arraial Cultural da Gameleira

A terceira noite do Concurso Estadual de Quadrilhas Juninas do Acre, realizada na quinta-feira, 26, no Calçadão da Gameleira, em Rio Branco, foi marcada por apresentações que exaltaram o regionalismo, a astronomia, a musicalidade, a preservação do meio ambiente e os cuidados com o Rio Acre. A festa, que integra o Arraial Cultural, é uma realização do governo do Estado, por meio da Fundação de Cultura Elias Mansour (FEM).

Subiram ao tablado as quadrilhas Matutos pelo Avesso, de Tarauacá; e Assanhados na Roça, Explode Coração e Malucos na Roça, de Rio Branco, encantando o público com criatividade, coreografias bem ensaiadas e temáticas que misturam tradição e atualidade.

Matutos pelo Avesso: do abacaxi à aurora boreal

Abrindo as apresentações, a Matutos pelo Avesso trouxe alegria, ritmo e abacaxis diretamente de Tarauacá, após 12 horas de viagem até a capital. A apresentação começou com o tradicional casamento tropical, envolvendo um divertido imbróglio entre os personagens Abacaxizito, Dona Abacaxizita, Dona Abacaxuda e a polícia, que quase impediram a união do casal.

Durante o espetáculo, os dançarinos representaram o solo fértil com figurinos marrons e utilizaram enxadas como símbolo do trabalho no campo utilizado para arar as terras, em referência ao cultivo do abacaxi. Destaque também para a participação da indígena Eduarda Kaxinawá, Rainha do Abacaxi e representante dos povos originários. A quadrilha encerrou a apresentação com uma representação da aurora boreal, simbolizando a luz, o vigor, a força da natureza e a iluminação utilizada na apresentação.

Eduarda Kaxinawá representa os povos originários e traz abacaxi como referência da terra natal da junina. Foto: Ingrid Kelly/Secom

Assanhados na Roça: um casamento sob as estrelas

A segunda quadrilha a se apresentar foi a Assanhados na Roça, com o tema Estrela do Sertão: uma Noite de São João. A narrativa girou em torno de João Estrelato, um jovem apaixonado pelo céu e estrelas, que deixa sua cidade natal para estudar astronomia. Na história, duas irmãs, Dalvinha, que sonha com o casamento, e Alfinha, que deseja aproveitar a vida, disputam o coração de João. Após fazer um pedido a uma estrela cadente, Dalvinha engana os pais e se casa com João, que havia sido prometido à irmã Alfinha.

Estrela Cadente realizadora de pedidos. Foto: Ingrid Kelly/Secom

Segundo a Ravaiane Silva, noiva da quadrilha, é sempre uma grande emoção subir no tablado mesmo com a correria do dia a dia de cada integrante. “É uma experiência muito incrível, eu costumo dizer que só quem dança quadrilha vai sentir a emoção que é pisar em um tablado, de ensinar e de dançar. E apesar do dia ser bem corrido, já que  alguns trabalham, estamos sempre em produção mesmo com todo cansaço foi um espetáculo lindo, maravilhoso, a gente pode olhar e dizer fizemos o nosso melhor”, afirmou

Explode Coração: calypso no ritmo da roça

Em seguida, a quadrilha Explode Coração surpreendeu ao trazer o ritmo caribenho para o Arraial. Inspirada no calypso, estilo musical de raízes paraenses, a apresentação foi marcada por danças enérgicas e uma encenação bem-humorada: no casamento do noivo Zé Ritmista, as candidatas disputaram quem ficaria com a aliança no dedo por meio de uma competição de dança. O público respondeu com aplausos e muito entusiasmo.

Calypso, o ritmo de um casamento na roça. Foto: Ingrid Kelly/Secom

“Nossa quadrilha surgiu lá na Paróquia Santa Cruz, 2019. Era um sonho do grupo de jovens poder participar e se filiar a junina,onde conseguimos no mesmo ano, de lá pra cá, a gente vem sempre trazendo espetáculos inovadores, com temas diferentes, que envolvem o público. Pensando nisso resolvemos fazer um casamento no ritmo paraense mas com as características acreanas, acredito que as pessoas tenham gostado do resultado, nós estamos satisfeitos e vamos sempre buscar inovar”, destacou Clerson Lima, coordenador junino.

Malucos na Roça: boato, batelão e crítica social

Representação do principal afluente do Estado, povos originários e ribeirinhos. Foto: Ingrid Kelly/Secom

Concluindo a programação da noite, a quadrilha Malucos na Roça apostou em um diferencial marcante: parte do grupo chegou à Gameleira de batelão, embarcação tradicional do Acre. Com o tema Boato, a apresentação abordou a desigualdade social, os impactos ambientais e a poluição do Rio Acre. Utilizando cenários bem estruturados, figurinos brilhantes e uma narrativa baseada na vivência da população local, a junina emocionou e empolgou o público, encerrando com um verdadeiro espetáculo cultural.

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Autor

Paiva Fernando
Editor chefe de vários jornais online O jornalista mais lido na Blasting News Mais de 150 milhões de leitores