A Aldeia Mutum, uma das cerca de 17 aldeias que se estendem ao longo do Rio Gregório, no município de Tarauacá, vive um período de marcos históricos. Na última terça-feira, 27, foi realizado o Primeiro Encontro das Mulheres Yawanawá, um momento de afirmação da identidade da mulher indígena; e nesta quarta-feira, 28, o território sediou a maior exposição de artesanato da história da etnia.
“Esse é dos momentos muito especiais, que fala do trabalho, da arte, da proteção, da identidade, da beleza, da cultura, da tradição do nosso povo. Essa exposição aqui conta a história de um trabalho de homens e mulheres”, celebrou a cacique Maria Júlia Yawanawá.
O governo do Acre esteve presente no evento, por meio da Secretaria Extraordinária de Povos Indígenas (Sepi), oferecendo apoio e valorização à arte indígena. “Hoje é um momento dedicado à exposição e à história. Estamos aqui, mais uma vez presentes, valorizando e demonstrando o apoio do governo, que foi muito importante para a realização do evento”, destacou a diretora da pasta, Nedina Yawanawá.
Mulheres de todas as aldeias do Povo Yawanawá estiveram no local, expondo sua arte em formato de pinturas de quadros, vestimentas e adereços como anéis, colares, brincos, tornozeleiras e outros. “Quando pensamos em produzir, pensamos em nos embelezar, nos sentir bonitas. Não é de qualquer forma que produzimos, precisamos estar em paz, com o coração tranquilo, porque se erramos uma pedrinha dessa, não adianta, tem que ser tudo perfeito. Nossas combinações de cores vão surgindo no coração e na mente, vamos recebendo novas inspirações espontaneamente”, explicou a cacique da Aldeia Mushuinu, Janete Yawanawá.
Artesanato como fonte de renda
Além de beleza e espiritualidade, o artesanato, apreciado por visitantes de todo o Brasil e de outros países, tornou-se uma importante fonte de renda para as mulheres yawanawá, tornando-as capazes de ter mais liberdade e estabilidade financeira, podendo suprir suas necessidades pessoais.
Eliete Yawanawá relata que o artesanato mudou a sua realidade. “Agora somos modernos, somos chiques; hoje temos melhores roupas, antes não tínhamos nem shampoo. O artesanato é uma fonte de renda, porque antes dependíamos só dos nossos maridos ou das aposentadorias dos nossos pais ou avôs”, conta.
A carioca Bia Saldanha, que mora em Rio Branco, disse que já considera a Aldeia Mutum como ‘sua casa’ e admira o trabalho das artesãs: “Quando eu vi a primeira vez uma pulseira feita pelas yawanawá, era amarela, minha cor favorita. Eu ganhei de presente e aquele foi o melhor presente. Isso foi lá em 2010”.
Apreciando as peças produzidas, Bia Saldanha também destacou o quanto fica feliz com a trajetória das yawanawá. “Essa abundância, essa riqueza que está no mundo da espiritualidade e que essas mulheres fizeram com que se tornasse uma fonte de renda, não foi feita da noite para o dia; essa organização das mulheres como uma rede de produção é incrível”, avaliou.
As miçangas utilizadas pelas mulheres yawanawá em sua produção são importadas da República Tcheca, para a confecção dos adereços cuja comercialização ajuda a aquecer a economia do estado.
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