O projeto de avaliação do desempenho de novas cultivares de café para o estado de Minas Gerais chega a uma nova fase.
As unidades demonstrativas estão em fase de produção e os pesquisadores da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) e da Embrapa Café estão realizando giros tecnológicos para a apresentação de estimativa de safra e do potencial produtivo das cultivares avaliadas.
A programação prevê a realização de cinco dias de campo no primeiro semestre. “Iniciamos 2024 com um dia de campo em São Roque de Minas, na região da Serra da Canastra, no dia 28/2, e já temos outros quatro previstos, dois em abril, Matas de Minas e Campo das Vertentes e dois em maio, Noroeste e Sul de Minas. Estes são os primeiros dias de campo com as plantas já com café, em fase produção”, informa o pesquisador da Epamig, Gladyston Carvalho, coordenador do projeto, que completa. “A proposta é que a cada ano, ao longo dos quatro anos de vigência do projeto, a gente possa fazer um dia de campo em cada uma das regiões envolvidas”.
Primeiros resultados
O dia de campo realizado na Serra da Canastra em 28/2 foi dividido em duas partes. A primeira, realizada em Piumhi, contou com palestras sobre mercado de café e a estrutura da AP Agrícola, responsável pela condução das unidades demonstrativas em São Roque de Minas e Medeiros.
Já em campo, na propriedade em São Roque de Minas, o sócio-diretor da AP Agrícola e diretor técnico do Centro de Pesquisas AP Café, Alessandro Oliveira, foi o responsável por recepcionar os cerca de 140 participantes do evento. E, com equipe do projeto, conduziu o giro pelas áreas de café onde foi possível acompanhar a evolução das plantas.
Foram apresentadas as projeções para a safra 2023/2024, uma vez que a colheita de 2024 ainda não aconteceu. A nota de estimativa de safra foi elaborada e apresentada pelos pesquisadores da Epamig Gladyston Carvalho e Vinícius de Andrade e pelo pesquisador da Embrapa Café André Dominghetti.
“Aqui eles possuem um sistema de manejo diferenciado e muito próprio, conseguiram uma safra com 18 meses e já vão para a segunda colheita”, aponta Vinícius Andrade. “O potencial produtivo variou de pouco mais de 50 sacas para as cultivares menos produtivas, o que já são números excelentes, até 100 sacas por hectare”, acrescenta Dominghetti.
Dinâmica do projeto
O projeto “Validação de cultivares de cafeeiros e transferência de tecnologias para as regiões cafeeiras de Minas Gerais”, conta o apoio financeiro da Fapemig / Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sede) e do Consórcio de Pesquisa do Café.
O trabalho, conduzido em parceria por Epamig e Embrapa Café, busca a identificação de variedades de café mais adequadas às diferentes condições de clima, solo e relevo presentes no estado.
Entre o fim de 2021 e o começo de 2022, 42 unidades demonstrativas foram implantadas, em 41 municípios das regiões Sul, Sudoeste, Oeste, Campo das Vertentes, Zona da Mata, Vale do Rio Doce, Vale do Jequitinhonha, Norte, Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba.
Cada uma das propriedades participantes realizou o plantio de 1,6 mil mudas produzidas a partir de sementes qualificadas selecionadas pela equipe do projeto.
“Optamos por cultivares do Programa de Melhoramento Genético da Epamig que se destacaram em projetos no Cerrado Mineiro e no Sul de Minas e por materiais promissores desenvolvidos pelo Instituto de Desenvolvimento Rural (IDR) do Paraná, pela Fundação Procafé e pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC). Além da cultivar Catuaí Amarelo IAC 62, adotada como referência para o estado”, explica Gladyston Carvalho.
Os produtores que receberam as unidades demonstrativas assumiram o compromisso de fazer da área uma vitrine para a difusão das experiências entre os cafeicultores do entorno.
O modelo, já testado nas regiões do Cerrado Mineiro, em parceria com a Federação dos Cafeicultores, e no Sul de Minas, em parceria com a Cooxupé, prevê que o proprietário seja responsável pelo custeio da lavoura, do cultivo ao preparo das amostras para avaliação sensorial. Como contrapartida recebem das instituições parceiras suporte tecnológico.
“Temos que destacar os produtores que são nossos principais parceiros, as revendas e cooperativas de café que fazem a supervisão de campo e nos ajudam no acompanhamento das lavouras. Algo fundamental pela distância. Não tem uma região produtora em Minas que não esteja coberta por este projeto. E, também agradecer o apoio da Fapemig, da Sede, da Seapa e do Consórcio de Pesquisa Café”, afirma o coordenador.
“O projeto ainda está em fase inicial, mas com perspectivas excelentes. É muito difícil recomendar uma cultivar nova, por vários fatores. Não existe uma única cafeicultura em Minas Gerais, existem várias cafeiculturas. Então, a gente tem que testar em vários ambientes, por algumas safras antes de fazer uma recomendação. E, esse formato das unidades demonstrativas produtores e o entorno acompanham essa evolução nas condições reais da propriedade, usando o manejo já adotado por eles”, conclui.