O Centro Socioeducativo de Uberaba (CSEUR) inaugurou, nesta quarta-feira (9/8), um espaço para atividades voltadas para a ressocialização dos jovens. Chamado de Espaço Multidisciplinar AdoleSer, o local funciona agora em um dos prédios da unidade, antes utilizado como depósito de materiais e agora totalmente reformado.
O AdoleSer conta com espaços para oficinas e atividades recreativas, sala de informática com nove computadores – para capacitações e atividades profissionalizantes -, duas salas para atendimentos técnicos, uma sala de enfermagem, um consultório odontológico equipado e uma sala para reuniões e atendimentos familiares. O investimento na reforma do local foi de aproximadamente R$ 600 mil, proveniente do Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e das Medidas Socioeducativas (GMF).
Também nesta semana, na terça-feira (8/8), a unidade realizou o primeiro debate público com o tema “Socioeducação: o que há do outro lado do muro”. O evento reuniu a comunidade local, autoridades e parceiros para discutir temas cruciais relacionados aos esforços de ressocialização de adolescentes em conflito com a lei. As iniciativas demonstram o compromisso com a promoção da ressocialização e do desenvolvimento positivo de adolescentes em conflito com a lei, em consonância com os princípios das Medidas Socioeducativas previstos no Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (Sinase).
A subsecretária de Atendimento Socioeducativo, Giselle da Silva Cyrillo, afirmou que a inauguração do espaço e a realização do seminário foram símbolos de uma conquista não só para o atendimento socioeducativo na região, mas também para a política de atendimento. Isso, porque, são resultado da colaboração entre o Estado, a sociedade civil, por meio da Organização Social (OS) – Instituto Elo, que é cogestora nesse equipamento, e o Poder Judiciário, conforme a política socioeducativa orienta a atuação para o atendimento desses adolescentes.
“Quando remontamos a história do antigo Caresami, que era uma unidade com muitas deficiências, inclusive de infraestrutura, e hoje inauguramos um espaço moderno, multifuncional, habilitado a atender de forma sofisticada e adequada eixos importantíssimos da medida, temos o testemunho e o compromisso das ações que vêm sendo executadas pelo Estado, para oferecer uma política de qualidade aos adolescentes”, destacou a subsecretária. O Centro de Atendimento e Reeducação Social do Adolescente e Menor Infrator (Caresami) funcionou até 2012, sob a administração do município.
Seminário
Para que ocorra a efetividade das medidas socioeducativas, visando o rompimento da trajetória infracional, e o acesso aos direitos dos adolescentes e suas famílias, é necessária a colaboração entre diversos serviços, equipamentos públicos e a sociedade. Por isso, o primeiro seminário do Centro Socioeducativo de Uberaba contou com a participação popular e, segundo a diretora-geral Michelle Souza, apresentou à comunidade o que de fato há “do outro lado do muro”, rompendo com a ideia de repressão e punição: a responsabilização pelo ato infracional cometido, alinhada à garantia de direitos dos adolescentes acautelados, na perspectiva da socialização e do acesso às políticas públicas.
“Também é nosso objetivo inserir o CSEUR na pauta das discussões e ações públicas municipais e institucionais, ampliando a compreensão da necessidade de um trabalho integrado em rede, já que um dos princípios da medida socioeducativa, previsto no Sinase, é a incompletude institucional. Por essa lógica, entendemos que o sucesso da medida só será possível se todos os serviços e equipamentos públicos estiverem alinhados num único propósito: o rompimento da trajetória infracional. O que só é possível garantindo o devido acesso aos direitos dos adolescentes e suas famílias, sobretudo no pós-medida”, observou a diretora.
Autoridades locais, parceiros e membros da comunidade se uniram para participar do evento, que contou com um público aproximado de 180 pessoas. O superintendente de Atendimento ao Adolescente da Sejusp, Wilson Alves Pereira Júnior, desempenhou um papel ativo nas mesas de debate e também atuou como palestrante. “Tivemos a oportunidade de compartilhar experiências. O seminário é uma celebração da união do Judiciário, da prefeitura, da Subsecretaria de Atendimento Socioeducativo (Suase), representando o Estado, das articulações da rede de atendimento ao adolescente, da equipe da unidade e dos próprios adolescentes”, disse o superintendente.